Quincy Jones: O Maestro da Música Negra Norte-Americana

Quincy Delight Jones Jr., mais conhecido como Quincy Jones, nasceu em 14 de março de 1933, em Chicago, Illinois. Desde pequeno, mostrou uma conexão intensa com a música. Com apenas 10 anos, já tocava piano com maestria e demonstrava interesse por composição e arranjo. Ainda que sua infância tenha sido marcada por dificuldades, isso apenas fortaleceu sua paixão pela arte.

Da infância ao estrelato

Após mudar-se para Seattle, Quincy conheceu Ray Charles, com quem iniciaria uma longa amizade e colaboração musical. Posteriormente, Jones estudou música na prestigiada Berklee College of Music, embora não tenha concluído o curso. Em vez disso, decidiu embarcar em uma carreira prática, tornando-se rapidamente um dos arranjadores mais requisitados da cena jazzística.

Durante os anos 50, trabalhou com grandes nomes como Lionel Hampton, Count Basie, Sarah Vaughan e Dizzy Gillespie. Inevitavelmente, seu talento chamaria atenção também fora do jazz.

Ascensão como produtor e arranjador

Na década de 1960, Quincy Jones se tornou um dos primeiros afro-americanos a conquistar respeito e prestígio em Hollywood e na televisão. Além disso, atuou como vice-presidente da Mercury Records, sendo o primeiro negro a ocupar tal cargo em uma grande gravadora. Sua versatilidade musical o levou a produzir trilhas sonoras e a trabalhar com artistas de diferentes gêneros.

O casamento perfeito com Michael Jackson

Sem dúvida, sua parceria mais icônica foi com Michael Jackson, o Rei do Pop. Juntos, eles criaram três álbuns fundamentais: Off The Wall (1979), Thriller (1982) e Bad (1987)

Off The Wall marcou a transição de Jackson para uma carreira solo sólida, com o toque refinado de Quincy nos arranjos e na produção.

Thrilles – Este é, até hoje, o álbum mais vendido de todos os tempos. Quincy Jones foi responsável pela produção das faixas: “Beat It”, “Thriller” e “Human Nature”

Bad – Embora tenha sido o último trabalho da dupla, o impacto foi inegável. Entre os sucessos produzidos, estão: “Smooth Criminal”, “The Way You Make Me Feel” e “Man in the Mirror”

Claramente, o talento de Quincy Jones elevou a música de Michael a outro patamar.

Produções memoráveis além de Michael Jackson

Além de seu trabalho com Michael Jackson, Quincy Jones colaborou com inúmeros artistas lendários, entre os quais:

  • Frank Sinatra: Com quem trabalhou em álbuns como “It Might As Well Be Swing”.
  • Aretha Franklin: Produziu “Hey Now Hey (The Other Side of the Sky)”.
  • George Benson: Responsável pelo aclamado “Give Me the Night”.
  • The Brothers Johnson: Produziu hits como “Stomp!”.

De forma notável, Quincy também foi responsável pela descoberta e apoio a artistas como Tevin Campbell, James Ingram, Tamia e Patti Austin.

Obras solo e trilhas sonoras

Seu álbum “The Dude” (1981) é considerado uma obra-prima, contendo faixas como:

  • “Ai No Corrida”
  • “Just Once”
  • “One Hundred Ways”

Além disso, Quincy produziu trilhas sonoras para filmes como:

  • “In the Heat of the Night”
  • “The Italian Job”
  • “The Color Purple”, dirigido por Steven Spielberg

Também foi o criador da trilha da série “Sanford and Son”, entre outras.

Um marco histórico: We Are The World

Em 1985, Quincy Jones foi o produtor musical de “We Are The World“, uma das maiores ações humanitárias da música. Reuniu artistas como Stevie Wonder, Lionel Richie, Tina Turner, Bruce Springsteen, entre muitos outros, para arrecadar fundos em prol das vítimas da fome na África.

Com isso, mostrou que a música pode, de fato, transformar o mundo.

Um Maluco no Pedaço

Quincy Jones foi o produtor executivo de The Fresh Prince of Bel-Air (ou “Um Maluco no Pedaço”, como ficou conhecido no Brasil).

Quincy foi quem descobriu e apostou no Will Smith como ator, mesmo quando o cara era só um rapper com hits como “Parents Just Don’t Understand”.

Ele levou a ideia da série à NBC, vendeu o conceito e assinou como produtor executivo.

A série estreou em 1990 e virou um dos maiores sucessos da cultura pop dos anos 90.

Falecimento e legado eterno

Quincy Jones faleceu em 14 de fevereiro de 2025, aos 91 anos, em Los Angeles, vítima de complicações respiratórias relacionadas à idade. Sua morte causou enorme comoção no mundo da música. Afinal, Quincy não foi apenas um produtor: ele foi um pilar da cultura negra norte-americana.

Sua capacidade de transitar entre gêneros, de lançar talentos e de elevar a música negra a patamares globais o consagrou como um dos maiores nomes da indústria fonográfica.

Influência na música negra norte-americana

Indiscutivelmente, Quincy Jones foi um dos principais embaixadores da música negra dos Estados Unidos. Ele foi responsável por mostrar ao mundo a complexidade, a beleza e a força criativa da música afro-americana. Através do jazz, do funk, do soul e do pop, ele abriu portas, quebrou barreiras e inspirou incontáveis gerações.

Sua obra permanece viva não apenas nas gravações, mas também na forma como influenciou e continua influenciando artistas ao redor do planeta.

A trajetória de Quincy Jones é uma aula de resiliência, talento e inovação. Ele provou, ao longo de décadas, que a música pode ser elegante, poderosa e transformadora.

Portanto, celebrar Quincy Jones é, acima de tudo, reconhecer a riqueza da cultura negra e sua imensurável contribuição para a história da humanidade.

Que sua música continue ecoando.

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