O Retrato do Afro Funk Brasileiro

Tudo que ouvimos de música é originado da África. O rock, o soul, o funk, o samba, R&B são todas de fundação (afro) africana. As origens vêm sido trazidas ao mundo nos séculos passados criando a diáspora africana musical, e assim veio contemplar que a musicalidade africana não tem fronteiras, mas seus variados ritmos é a mais direta conexão com a espiritualidade, ela é a real mentora das novas fusões rítmicas do afro-funk.

A Diáspora africana eternizou heranças espirituais e musicais entre a velha África e o “Novo Mundo” – Mas nem sempre tudo é glória!!!

Entre 1965-1985, período mais fértil do Afro-funk, soul, rock e jazz africano, chegava nos Estados Unidos recriando conceitos, levando ao mundo uma nova versão musical, eternizando-se novas fusões como foi mostrada pelo grande ícone do funk, James Brown. Logo esse país fez notável o funk, o soul, e o jazz americano que chegou através dos mestres como Nina Simone, Al Green, a banda The Temptations e muitos outros.

afro-funk-cbmn1Infelizmente, não é novidade que a exploração da terra mãe desde chegada dos Europeus à África vem criando uma espécie de doença social que “parece ser” incurável. Se exploram muito, mas raro é o investimento interno. Assim também vem sendo na música, que mesmo embora houvesse momentos de glória, mesmo nos anos de auge, muitas dessas músicas não foram devidamente gravadas e muitos de seus criadores não foram propriamente reconhecidos.

Pérolas musicais africanas foram significantemente degradadas e negligenciadas. Entre vários casos aponto a banda Air Fiesta Matata do Kenya. A banda teve convite de Miles Davis para tocar na Alemanha na década de 70, e logo levou a BBC World a proclamar a banda como a melhor banda africana de todos os tempos. Contudo, poucos anos mais tarde, a banda sofreu um grande roubo que os deixou em enorme desfalque nas contas. Sem instrumentos e dinheiro e sem apoio, os músicos nunca mais conseguiram rever os palcos levando vários deles viverem em profunda depressão. Essa é apenas uma triste estória de muitas.

Embora para os Europeus puristas é difícil compreender a música africana como aquela que nasce além das fronteiras desse continente, o mundo vem a décadas respondendo de forma ampla e menos conservadora. A música africana é também aquela que nasce através da diáspora e que leva consigo direta conexão com a ancestralidade. Assim o afro-funk e suas vertentes vem eternizando constante fusão.

Conforme Glaucus Links líder da banda, alabê Ketujazz afirma:
– O olhar do negro é oriental, por isso que a gente precisa mudar o nosso olhar! Não podemos ver com o olhar Europeu, e sim com olhar do africano, esse é o olhar da sabedoria, do sentir.

– Eu tentava racionalizar a música (como eu poderia simplesmente escrever e tocar), mas não era esse o caminho: tinha que olhar como eles olhavam, como eles falavam. Então, eu comecei a entender essa dimensão espiritual – explica.

África segue sendo uma imensidão de aspirações…

Mesmo com as desfortunas da terra, esse continente segue uma imensidão de aspirações musicais em que cada país leva sua peculiaridade sonora. O povo africano vê o purismo musical muito além de fronteiras, contudo aceita sim a diáspora africana musical espalhada por todos os continentes. A fusão é o movimento nobre de fluxos e refluxos.

Assim sentimos a musica desde o funk rústico do Quênia como a banda Matata à suavidade do funk da África do Sul; do poli ritmos do Benin de Angelique Kidjo e do voodo-funk do Apiafo ao afro-beat sofisticado de uma Nigéria Fela Kutiana e do blues e highlife do Orlando Julius; do funk desértico do Mali com sua singularidade do Sahara Árabe da banda Tamikrest ou dos grupos de Timbuktu com o ritmo raí andaluse ao rock-funk experimental do Gana; da sonoridade da África central (Congo) focada nas variantes do soukous (espécie de rumba) que chega a Cuba, Haiti e Colômbia.

Portanto é tudo fusion, é tudo funk, é tudo música de preto, é tudo música original. O funk é a direta ligação com o espiritual, com os ancestrais e com as bases das religiões africanas.

A partir de tudo isso milhões de álbuns e coletâneas de música rara africana vieram ao mercado como Ivory Coast Soul e Love is a Real Funk Fuzzy entre muitas outras.

Afro-funk Brasileiro

As Árvores e raízes são as mesmas, com caules diferentes. (Letieres Leite)

Letieres Leite, educador e maestro da Orquestra Rumpilezz em suas entrevistas fala sobre o “Pacto de Senzala”, na qual ocorreu inicialmente nos navios negreiros e mais tarde nas senzalas, nas plantações de cana-de-açúcar e demais regiões urbanas ao redor do Brasil. Ele afirma que ali nascia a nossa música, uma fusão e criação de novas formas de demonstração do movimento da musicalidade.

No Brasil o afro-funk é um gênero singular. Desde dos anos 50-60 o Brasil vem explorando sua diáspora de forma a produzir grandes mestres da música de raízes afro-funk brasileiro. Em 1957 a Orquestra Afro-Brasileira mostrou bem essa fusão musical em suas letras e arranjos. Anos mais tarde o mestre Embaixador e a banda Tribo Massáhi e a seguir, Jorge Ben, Banda Black Rio, Markus Ribas, Moacir Santos, Chico Science e outros.

Conversando com o músico André Sampaio do projeto Afromandinga que lançou seu primeiro álbum na linha afro-funk/Afro-mandinga, o LP Desaguou, um estilo voltado mais para raízes de Cotonou (Benin), nos diz que “o segredo do afro-funk brasileiro está em sua fusão rítmica onde a África se encontra com ritmos originalmente brasileiro. Relembra ainda André que toda música de matriz africana segue um sistema rigoroso de clave. “Como diz o mestre Letieres Leite, são padrões rítmicos chamados de DNA do ritmo onde as claves são formas rítmicas que dialogam entre si como o funk, a batida do candomblé, da umbanda, do makulêle, do jongo que por sua vez originou o conhecido funk-carioca”.

Os ritmos dialogam entre si

Jorge Dubman, líder da banda Ifá que acaba de lançar o álbum Ijexa funk afro-beat nos diz que o “Afro-funk brasileiro está ligado diretamente as raízes originalmente brasileira passando pelo samba do côco, afoxé, ijexá, o baião, o forró e o maracatu”. O que podemos ver que a riqueza do afro-funk é presente até na bossa nova. Percebemos essa fusão quando ouvimos o álbum do Baden Powell com Vinicius de Morais, Afro-samba, lançado em 1966. Álbum considerado por muitos críticos como um divisor de águas na MPB por apresentar elementos da sonoridade africana ao samba.

Assim o que vemos é uma riqueza musical no Brasil onde todos os ritmos dialogam entre si e todos dentro da dimensão do afro-funk brasileiro. O que o mundo ainda fechado em seus limites não sabe é que o Afro-funk brasileiro é umas das maiores descobertas condutoras de linguagem própria.


O Afro-funk vai além…

Assim como existe esta conexão entre a música afro-funk brasileira, a música africana está também na salsa venezuelana, na cumbia colombiana, na música afro-peruana, e no candomblé uruguayo, etc. El Merengue por exemplo é mais popular na ilha Espanhola ao cruzar dois países, Haiti e a República Dominicana, gênero que combina os ritmos africanos com melodias espanholas.

Assim é no Brasil e em toda América Latina e no Caribe, as línguas africanas se encontraram com as dos europeus e indígenas e se produz grande enriquecimento sonoro, provocando câmbios semânticos, fonológicos e morfológicos. A música vem sido parte dessa transformação. E, portanto, a África e o afro-funk tem sido presente assim, na música Afro-panamenha, Afro-Cubana, Afro-equatoriana, Afro-boliviana, Afro-peruana e até no tango argentino

Mas existem muitas discussões musicais, sobre estilos de músicas encontradas nas Américas e no Caribe, que normalmente se referem como procedentes da África. O ponto é compreender que a música africana e o afro-funk são aquelas também fora dos limites fronteiriços, e que em coesão são as que se conectam espiritualmente umas com as outras. A diáspora africana, a responsável por levar essa musicalidade aos continentes, nos mostra que o único e maior segredo presente nessa fusão é: A Clave Rítmica!!!

FONTE:
– Clave: The African Roots of Salsa.” Kalinda!: Newsletter for the Center for Black Music Research, Fall (1995): 7-11. Reprinted in Clave (1) 2, (1998): 2-3.
www.terreirodegriotos.blog
www.funkish.audio/african-funk-music
www.losmulatos.com/influencia-africana-en-el-folklore-latinoamericana/

UltraGeek Entrevista Arthur Fitzgibbon, Produtor Executivo da OneRPM

Ele cresceu no ABC de São Paulo e hoje está à frente da OneRPM Brasil, uma das maiores distribuidoras de músicas digitais da atualidade.

A paixão pelo rádio e pela música levou Arthur Fitzgibbon a trabalhar na Polygram no ano de 1998 (muitas informações interessantes nesta parte da entrevista). Mas com o surgimento do MP3 as coisas começaram a mudar na indústria fonográfica, muitas tentativas de se manter o controle sobre as músicas foram frustradas e novos negócios começaram a surgir.

Neste bate-papo, você ouvirá histórias super interessantes sobre todo o processo de transformação da indústria fonográfica, desde o surgimento do CD, MP3 até os serviços de streaming como Rdio, Deezer, Spotify e o próprio OneRPM.

Sou um grande ouvinte de podCasts, ouço vários deles e sempre que surge algo sobre música, dou jeito de compartilhar com você, espero que goste! Vale muito a pena ouvir.

Parabéns Ultrageek!!
Um dos melhores podcasts da “Podosfera” brasileira.

Ouça Agora

https://www.cbmn.com.br/wp-content/uploads/2017/02/Ultrageek-275-Industria_da_musica.mp3?_=1

Se você ainda não conhece o Ultrageek, aproveite para conhecê-lo agora:
http://www.redegeek.com.br/
Há dezenas de episódios bacanas.
Baixe para o celular, ouça no carro, no pc, no tablet… É informação pra dar com pau!

As Melhores da Hot Line – Um Pouco de História

Você se lembra da Hotline Records?
Se não se lembra mas tinha o hábito de comprar discos nos anos de 1990, talvez você tenha algo guardado por aí e se não tem com certeza já curtiu muito algumas das produções deste selo.

A história da Hotline Records é repleta de sucessos e frustrações mas com um desfecho surpreendente e ao mesmo tempo inspirador. Quem deu início foi o DJ e Produtor Sérgio Augusto da Silva (Sérgio Hot Line) e sua história é bem parecida como a da maioria dos DJ’s de Black Music.

Na metade dos anos de 1980 ainda garoto, ele se apaixonou pela Música Negra inspirado por bandas como Zapp, Isley Brothers, The Gap Band e tantas outras que explodiam de sucesso na época.
Com toda aquela febre de equipes de bailes surgindo em praticamente todas as periferias de São Paulo, ele conseguiu fazer parte da famosa Ademir Formula 1 (Z.L.), posteriormente criou sua própria equipe (Samba Soul) e mais tarde passou a fazer parte da equipe Black White assumindo então o lugar do DJ Grandmaster Ney.

 
 

Equipes de Som, Músicas, Discos… Hot Line!

A paixão pela música o inspirou a criar o seu primeiro negócio em sociedade com o Aritana no ano de 1990, juntos eles comandaram a Trucks Discos, parceria que durou apenas alguns meses.
Com o rompimento da sociedade Sérgio resolveu fundar uma nova loja, e em 1992 nascia a Hot Line na Galeria Presidente, localizada na Rua 24 de Maio, Centro de São Paulo, uma loja de discos especializada no segmento “Black”.

Nesta época, Donizete Sampaio (R.I.P.) – Dinamite, já produzia e comercializava remixes em parceria com o consagrado DJ e produtor DJ Cuca e esta foi a grande inspiração para a o lançamento do selo “Hot Line”, até que em 1993 ela firma uma parceira também com DJ Cuca e juntos lançam o Hot Beats Vol. 1 , um álbum lançado sem muita pretensão mas que foi um grande sucesso de vendas, o que surpreendeu a todos os envolvidos nesta produção.

“Now Here It” – Faixa de abertura do álbum Hot Beats Vol.1 (1993).
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Pouco tempo depois veio o Hot Beats Volume 2 – (1993), desta vez a produção ficou por conta do DJ Mad Zoo. Este álbum também tocou muito nas festas “blacks” e teve um bom volume de vendas embora não tenha superado o primeiro.
O estilo segue a mesma linha de seu antecessor com beats, colagens e scratchs sobre samples de músicas famosas da época ou até mesmo do passado como Too Short, Derek B. e bandas de funk como Kc and Sunshine Band, Brass Construction, Freedom e várias outras, tudo misturado.
Hoje pode parecer estranho para os ouvidos mas naquela época o público jovem gostava… e muito!

“Bullet Beats” esteve entre as faixas mais executadas deste álbum.
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E finalizando a tríade, em 1994 é lançado o Hot Beats vol. 3 , também produzido pelo DJ Mad Zoo.
Além das remixes de Mad Zoo, há neste álbum duas faixas internacionais em gravações originais, são elas: Sammy D/Falling Love e Giorge Pettus/Don’t Put Me Off ‘Till Tomorrow (versão extendida). Esta edição estava partindo para o romantismo mas infelizmente a coleção Hot Beats chegou ao seu fim.
 
 

Very Special – o grande destaque deste álbum.
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Novos Talentos do Rap Nacional

A história da Hot Line não parou por aí, em paralelo ao lançamento do volume 2 da coleção “Hot Beats”, o RAP Nacional também estava bastante forte o que foi uma boa oportunidade para lançar um LP só com novos talentos e para isto, nada melhor que se aliar a alguém que estava em evidência e abraçando a causa: Armando Martins.
Armando Martins (Circuit Power), mantinha um programa na rádio Metropolitana FM onde o assunto era RAP Nacional, o programa “Projeto Rap Brasil” e foi daí que saíu o próximo produto da Hot Line, o álbum “Projeto Rap Brasil Novos Talentos”, o ano era 1993.
O objetivo do álbum felizmente foi alcançado, neste trabalho foi revelado um grande nome do RAP Nacional mas antes de revelarmos quem foi, ouça um trecho:
 
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Ouviu ele dizendo o nome? Sim, é o Dexter! Nesta época ele tinha um grupo chamado Snake Boys e participou deste álbum com a faixa “Animais Irracionais”.

 
 

Hot Beats Especial

Em 1997 a Hot Line resolveu fazer mais um lançamento: Hot Beats Especial.
A produção ficou por conta do próprio Sérgio e DJ Mad Zoo, um álbum muito bom seguindo a linha de seus antecessores e tecnicamente muito superior. Não por acaso é um dos álbuns mais caros dentre os 4 (Você ainda pode conseguir uma cópia pelo Mercado Livre).
Ainda em 1997, foi lançado também o álbum “As Melhores da Hot Line” que, como o próprio diz, trata-se de uma compilaçaõ das melhores faixas de todos os álbuns anteriores, ao todo são 16 faixas.
 
 

Durante os anos de 1990 e início dos anos 2000, a Hot Line contribuiu para a revelação de vários talentos, dentre eles: KRS com a faixa “Festa”, um grande sucesso dos bailes. Aqui vale citar: Em 1997 DJ Silvinho da Kaskatas até então não havia feito nada parecido mas a convite da Hot Line, ele resolveu fazer uma parada diferente, então convidou os amigos Katatau e Rick Dub para gravar um RAP.
Esta faixa saiu na coletânea DJ’s Attack onde vários DJ’s foram convidados, dentre eles o próprio Silvinho, DJ Hum, Mad Zoo, Cuca, Milk e vários outros.
A música fez tanto sucesso nesta coletânea que após isso grupo chegou a gravar um álbum solo com a participação de Lino Krizz, Thaíde, Xis, Natanael Valêncio, dentre outros.
Foram muitos shows por todo o país!

 

Sacodindo a Jaca

Outra grande revelação da Hot Line foi o grupo Família Abadá com faixa “Sacodindo a Jaca“.
O diferencial deste grupo era a pegada Dance Hall já extinta mas que ainda fazia sucesso por aqui fundida ao Rap na voz de Shaggy, Shabba Ranks, Mad Lion e Born Jamericans.
A Família Abadá tinha esta essência de algo mais “up”, alegre, dançante e sem nenhum compromisso com qualquer tipo de ideologia. Era música pra dançar e pronto.
O CD lançado pela Hot Line e que revelou estes garotos foi “Sacodindo a Jaca”, que também trazia novamente KRS (Rebola Aí), DJ Cuca (Estilo Ragga), Mad Zoo (Ragga Beat) e varias outras faixas dançantes.

Os mais conservadores é claro que torceram o nariz para o CD e o hit “Sacodindo a Jaca” mas o sucesso foi tão grande que, além de ter saído pela primeira vez em uma compilação da Hot Line, a Família Abadá ganhou um álbum solo por meio de outra gravadora e em 2002 a faixa foi relançada em uma compilação produzida por Theo Werneck (Rap O+) – nome perfeito para este álbum. Será que “Sacodindo a Jaca” era ruim mesmo ou tínhamos aí algum problema de anacronia? Talvez a segunda hipótese se encaixe melhor neste caso.

O Fim

A Hot Line surgiu em um fase maravilhosa da black music no Brasil. Nesta época, grandes nomes do R&B estavam surgindo dos EUA, por aqui os grupos de pagode dominavam os programas dominicais e outras produções independentes também estavam colhendo bons frutos como Dinamite e Black Total mas a década estava terminando e uma nova geração entraria em cena, a Geração “Y”. Esta turma já na adolescência passou a ter acesso aos computadores, internet e uma série e inovações tecnológicas.
Foi no final dos anos de 1990 que surgiu também o primeiro MP3 com Suzanne Vega e daí em diante a pirataria dominou o mercado causado muitos prejuízos para a indústria fonográfica.
Muitas lojas de discos e CD’s fecharam as portas e os queridos bolachões passaram a ser produto para nichos: DJ’s, produtores e colecionadores.

O público já não era mais o mesmo, outros ritmos ocuparam o espaço nas perifeiras de São Paulo e o que era um negócio promissor passou a ser um negócio de alto risco.
A Hot Line produziu o seu último CD em 2001, o DJ’s Attack Volume 2. A situação não estava mais a favor das lojas de discos e muito menos das gravadoras até que em 2007 a loja e o selo Hot Line tiveram suas operações encerradas.

 
 

O Protagonista

Esta história que contamos de forma bem resumida foi narrada pelo próprio fundador da Hot Line, Sérgio Augusto da Silva. Ele nos concedeu um longa entrevista e ainda citou fatos de sua vida que muitos desconhecem.

Após o fechamento das lojas (foram 3 ao todo) e também o selo Hot Line em 2007, ele seguiu com a sua vida normalmente até que em 2010, uma terrível doença tirou sua paz e também de seus familiares. Ele descobriu que estava com um tumor no cérebro e após muita luta, sofreu uma cirurgia que resultou na perda 97% de sua visão. Mesmo assim ele não desistiu, mesmo com a deficiênica adquirida ele voltou a estudar e se formou Radialista pelo Senac.

 
 
Hoje aos 48 anos, ele ainda luta para conquistar o seu maior sonho: trabalhar em rádio FM.
Ele comanda três programas na web: “Hot Beats” todos os domingos das 18h as 20h pela rádio THE BEAT FM e também os programas “Hot Beats In Love” e “Hot Beats Balançando seu Rádio” pela rádio NewblackSP de segunda a sexta-feira.
Se você quiser saber mais a respeito, veja a entrevista concedida ao programa “Batendo o Prato” no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=VLX4TEeso_4, são 2 horas de muito “bate-prato”, vale a pena ver.

 

Facebook: https://www.facebook.com/sergio.dasilva.12935
The Beat FM: http://www.thebeatbrasil.com.br/
New Black SP: http://newblacksp.com/
Imagens e amostras de áudio: http://circuitpowerflashrap.blogspot.com.br/ e http://27miguel.blogspot.com.br/

Falando Sobre Disco Music

Mais que um simples estilo musical a Disco Music foi também um “movimento” em meio a tantos outros movimentos e fatos ocorridos nos anos de 1970, como a luta da mulher pelos seus direitos, a guerra do Vietnã, Panteras Negras, escândalo Water Gate, crise do petróleo, o movimento Punk, a ditadura no Brasil e outros grandes fatos que marcaram esta época.
E falando sobre música, foi também a última década do Rock Clássico, o nascimento do Punk Rock, o Folk rock, o Soft Rock de James Taylor, Carole King e The Carpenters, além do aumento da popularidade do Rhythm and Blues e o Soul da Motown com Stevie Wonder, Jackson 5, The Temptations, entre outros. Os anos de 1970 marcaram também o Funk, um tipo de soul mais suingado com fortes batidas e que até hoje tem a sua origem a associada a James Brown.

Soul Makossa

Em 1974 aproximadamente se inicia a história da Disco Music, uma história repleta da fatos interessantes e inusitados. A música “Soul Makossa” (1973) do africano Manu Dibango, supostamente foi a primeira música a dar início a este movimento musical tão apreciado até os dias de hoje. O álbum do africano era totalmente obscuro até então, encontrado apenas nos guetos dos EUA até parar nas mãos de um DJ aspirante da boate The Loft, a primeira a adotar o estilo musical.

Assim como qualquer outro estilo musical transgressor, a Disco Music também foi alvo de preconceitos e boicotes. Muitas gravadoras e boates resistiram em difundir o estilo mas foi em vão. A Disco Music explodiu no mundo inteiro e influenciou toda uma geração de artistas, seja na música, no cinema ou na TV.

Para Ouvir

O podcast TemaCast abordou o assunto de forma extraordinária na edição 37 e gostaria de convidar a você a ouvir este programa que ficou simplesmente memorável com Francisco Seixas, Igor Alcantara e Nelson Imbuzeiro.
Coloque o seu headphone e viaje neste super bate-papo cheio de informações e curiosidades.

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