George Clinton – A Nitroglicerina do Funk

Quem gosta do verdadeiro funk, criado nos Estados Unidos, sem qualquer ligação com ritmo horroroso surgido no Rio de Janeiro, precisa ouvir George Clinton, principal líder da banda Parliafunkadelicment Thang, também conhecida como P-Funk All Stars. Na década de 1970, Partiament e Funkadelic realizaram os mais lindos shows de black music. Autênticas viagens, por causa dos ótimos arranjos proporcionados por Clinton.

Uma das sacadas era fazer um funk carregado de boas harmonias e impressionantes riffs de guitarras. Também aberto aos improvisos. No Youtube.com é possível assistir a apresentações de George Clinton e Parliament feitas na Alemanha em 1985. A marcação da bateria, metais e instrumentos de corda deixam a platéia enlouquecida, numa verdadeira aula de como é o verdadeiro funk, surgido na década de 1950 nos Estados Unidos.

A História de Clinton começou em 1955, quando ainda adolescente em Nova Jersey, Estados Unidos, fundou o grupo vocal chamado Parliament. Na década de 1960, chamou a atenção da Motown, a maior gravadora de black music naquela época.

Em 1967, o hit “I Wanna Testify” ficou entre as 20 primeiras colocadas nas paradas norte-americanas. Depois lançaram outro single “All Your Goodies Are Gone”.Por causa de briga na Justiça a respeito do nome Parliament, Clinton adotou outro nome Funkadelic, a partir de 1968. Passou a compor músicas mais engajadas.

A mudança refletiu até nas capas dos discos, com grande pitada do psicodelismo tão latente no final da década de 1960.

Criou polêmica ao fazer uma capa onde aparecia vestido de smoking dentro de um caixão e seus músicas ao redor de fraldas.

Nos dedos de Clinton estava um cigarro de maconha. O hit deste disco era “Chocolate City”. A proposta dele era mostrar o desprezo da Igreja pelos problemas das pessoas residentes na periferia.

Ele introduziu o baixo sintetizado nesse estilo musical

album-parliamentEm 1974, pelo selo Casablanca, Clinton grava o álbum “Up For The Down Stroke”, que ficou entre as 10 mais nas paradas de R&B (Blues de rua). Nessa época engrossou sua banda com vários músicas talentosos: o baixista Bootsy Collins (ex-James Brown), o guitarrista Eddie Hazel e Gary Shider, os bateristas Bernie Worrel e Junie Morrison (ex-Ohio Players).

Essas mudanças influenciaram na assinatura de um contrato com a Warner Bross. É dessa época o hit “Tear The Roof off the Sucker”. A composição ficou entre as cinco primeiras colocadas nas paradas de R&B

A ascensão de George Clinton resultou num grande concerto com a banda Earth, Wind & Fire. Durante a apresentação, uma enorme nave “descia” no palco e dela saiam os músicos da Eart, Wind & Fire. De 1976 a 1981, gravou diversos hits e se manteve nas paradas. O  destaque ficou por conta de “Flash Light” quando introduziu o baixo sintetizado, mais tarde imitado por diversas bandas de funk.

Em 1979, George Clinton produziu o disco “Funkadelic – Uncle Jam Wants You”, com seis faixas.

A música “(Not Just) Knee Deep”, com quase 20 minutos de duração, explode nas paradas e bailes de todo o mundo. É considerado, por muitos, o funk mais long da história. A capa é repleta de mensagens subliminares.

A boina homenageia o movimento Black Panther, que explodiu nos Estados Unidos no final da década de 1960, sua mão direita erguida remete à frebre hippie, que nessa época estourou em todo o mundo, na mão esquerda uma alegoria lembra a coronha de uma rifle, lembrando das forças das armas na tomada do poder.

A década de 1980 é marcada por vários processos judiciais de músicos da banda de George Clinton. Alguns lançam novas bandas, usando o nome Funkadelic. Após lutar, ele consegue reverter o prejuízo. Lança discos “Hydraulic Pump – Part 1”, depois “Computer Games” e single “Atomic Dog”, que alcançou o primeiro lugar nas paradas de R&B em 1983. A partir daí investe em Rap e Hip-Hop. Dois anos depois, ele produz o segundo disco de Red Hot Chili Peppers. No final dos anos 80, Clinton reagrupou novos músicos na sua banda P-Funk All Stars. Nesses concertos inclui o rapper Ice Cube e o pessoal do Chili Peppers.

Em 1996 sai a coletânea Greatest Funkin’Hits, com moderna remixação. Clinton continua em atividade e criando polêmica no mercado da música.

Em 2016, George Clinton em parceria com Kendrick Lammar e Ice Cube, lança o clipe “Ain’t That Funkin’ Kinda Hard on You? (Remix)”, confira:

Fonte: Folha Metropolitana – matéria de Luís Alberto Caju

10 Melhores Álbuns de Funk






Listas são sempre muito polêmicas pois é impossível elencarmos apenas 10 “melhores” títulos de qualquer coisa.
É algo muito subjetivo apoiado apenas em percepções e preferências pessoais de quem as cria.
O título ideal para o post seria “10 álbuns de Funk” mas aí não teria muita graça, o ideal é montarmos um “top 10” para que a ideia se fixe melhor na cabeça de quem lê.
Os 10 álbuns abaixo foram selecionados pela musicalidade diferenciada e o que representa para o estilo. Muitos ficaram de fora mas não é motivo para que fiquem chateados conosco, são apenas 10 álbuns de grande importância e nada mais.

Vamos lá?

The Clones Of Dr. Funkenstein – Parliament.
O Funk norte americano (o verdadeiro) é bem diferente do popularesco que rola aqui no Brasil, ele é repleto de variações tanto em suas letras quanto na em sua levada. Fala de amor, as vezes anti-sistema e muitas vezes malicioso. São diversos estilos usando diferentes instrumentos musicais. Neste álbum da banda Parliament lançado em 1976, a “viagem” é outra, só ouvindo para entender. O time que compõe este álbum é digno de muito respeito, confira abaixo:
Vocais: George Clinton, Calvin Simon, Haskins Fuzzy, Raymond Davis, Grady Thomas, Garry Shider, Glen Goins, Bootsy Collins.
Horns (instrumentos de sopro): Fred Wesley, Maceo Parker, Rick Gardner, Michael Brecker, Randy Brecker.
Baixo: Bass: Bootsy Collins, Cordell Mosson
Guitarras: Garry Shider, Michael Hampton, Glen Goins
Bateria e Percussão: Jerome Brailey, Bootsy Collins, Gary Cooper
Teclados e sintetizadores: Bernie Worrell.
Álbum obrigatório para qualquer funkeiro que se preze.

Soul Searching – Average White Band
Este é o 6o. álbum da banda. Lançado em 1976, ele reúne grandes clássicos como “Goin’ Home”, “I’m The One” e a romântica “A Love Of Your Own”. Puro Funk, Slow Jam, Jazz e R&B tudo em um único álbum.
O Funk da banda é norte americano mas a banda é escocesa, pode?
É claro que pode!

 

 

 

 

The Payback – James Brown
Falar de Funk Music e não falar de James Brown é como falar de música Pop e não citar Michael Jackson, seria um erro grave, não é mesmo?
Quando o “Padrinho do Soul” criou este álbum em 1973, o intuito era inseri-lo na trilha sonora do filme Blaxploitation “Hell Up in Harlem” mas infelizmente foi rejeitado pelos autores do filme por não ser Funk o suficiente, além de ser uma tremenda mesmice! Um grande erro…
Com o passar do tempo a justiça foi feita e este álbum chegou a ser top 40 da Billboard além de faturar o disco de ouro em 2004, ou seja, mais de 500 mil cópia vendidas. James Brown estava à frente de seu tempo.
Além do clássico “The Payback”, há ainda as poderosas “Mind Power” e “Stone To Bone”.
Não deixe de conferir também a faixa “Take Some – Leave Some” , preste atenção na forma como a música foi construída, nos arranjos e na levada, simplesmente fantástica!

Funkadelic – Uncle Jam Wants You
Sem dúvida um dos álbuns mais expressivos da história da Funk Music.
A faixa “Knee Deep” é o grande destaque deste álbum (grande mesmo!), são 15 minutos de pura viagem.
A foto do álbum é arte pura! Nos remete à clássica fotografia de Huey Newton, líder do Partido dos Panteras Negras. Se isso foi proposital ou não, não sabemos mas ficou bem legal!
Álbum necessário.
 

 
Sly And The Family Stone
Seria Rock com elementos de Funk ou Funk com elementos de Rock?
Ambos!
A banda formada em 1967 por Sly Stone e seus parentes e amigos tem um estilo diferente que mistura Rock, Funk e Soul. Neste álbum de 1970 estão inclusas as clássicas “Dance to the Music” e “Thank You”, regravada nos anos 90 por Berry White.
Há um história muito interessante em torno desta última faixa.
O “Soulman” brasileiro Tony Bizarro e seu parceiro Frankye lançaram em 1971 um álbum com a faixa “Vou Procurar Meu Lugar” a qual possui uma incrível semelhança com a música da banda Sly, (na verdade é um versão brasileira da música).
O mais curioso é que Tony Bizarro teria citado que não se trata de uma versão e que a sua música foi feita primeiro, mesmo sendo lançada no ano seguinte logo após a versão da banda Sly. Ficou confuso? Nós também ficamos! Existe um mistério em torno disso, talvez um dia possamos tirar isso a limpo, tudo depende da recuperação de nosso amigo Tony Bizarro que ainda se encontra hospitalizado. (Estamos torcendo por você, Tony!).

JB’s – Doing It To Death
O que dizer sobre este álbum? Talvez uma página inteira apenas para ele seria mais justo.
Todas as faixas são espetaculares!
A melhor fase da banda… um “Dream Team” de funkeiros.
OBRIGATÓRIO!

Funkadelic – One Nation Under a Groove
Who Says A Funk Band Can’t Play Rock? (Quem disse que uma banda de Funk não pode tocar Rock) – Este é o título de uma das faixas de álbum lançado em 1978 e tem tudo a ver com o álbum que, embora seja Funk Music, mostra claramente a versatilidade da banda.
O conceito não é novo para a Funkadelic mas neste trabalho tudo fica mais evidente, há solos de guitarra que lembram Jimmy Hendrix.
E para você que aprecia Rock And Roll de qualidade, ouça também a faixa “Maggot Brain” além da faixa título, que é um verdadeiro hino da Funk Music.
Álbum indispensável.
 
EARTH, WIND & FIRE – That’s the Way of the World – 1975
É difícil citar qual o melhor álbum desta que é uma das bandas de Funk Music mais respeitadas do planeta mas vamos arriscar um que você precisa ter em sua coleção:
Este álbum lançado em 1975. Nele, há grandes hits como “Shining Star”, a lindíssima “That’s The Way Of The World” e uma das mais famosas da banda: “Reasons”.
Não há muito o que dizer sobre EWF, como dica, tenha todos os álbuns que puder.

 

RICK JAMES – Street Songs
Logo após o fracasso do álbum “Garden Of Love” 1980 o cantor, tecladista, baixista, produtor, arranjador e compositor Rick James volta com tudo neste álbum de 1981.
O álbum foi um grande sucesso e inclui as clássicas “Give To Me Baby”, “Super Freak” (usada por MC Hammer) na música “U Can’t Touch This” e a lindíssma “Fire And Desire” onde faz dueto com Teena Marie. Ele lançou Teena Marie e a banda Mary Jane Girls.
Um álbum recheado de coisas boas.
Ah! Você já parou pra pensar o motivo do nome “Mary Jane Girls”?

Indispensável!

The Meters – Rejuvenation
Quando se fala em Funk Music, é comum citarmos James Brown, Parliament, Kool And Gang e tantas outras bandas mas onde muitos pecam é em não citar The Meters. Estes sim não poderiam jamais ficar de fora desta lista Top 10.
Bateria, Guitarra, piano e muito groove.
Faixas recomendadas para quem ainda não conhece: “People Say”, “Just Kissed My Baby” (que se inicia com um solo de guitarra e logo se casa com uma bateria alucinante) e ” Hey Pocky A-Way“.
Em 1995 o grupo Racionais MC’s usou a faixa “Cissy Strut” de um álbum de 1969 para criar a música “Juri Racional”.
Este é funk da pesada!

Com isso fechamos a nossa lista Top 10 álbuns de Funk.
Como citamos, muitos ficaram de fora e nada nos impede que façamos uma outra lista.
Nossos agradecimentos ao funkeiro Hassim Ahmad pela dicas.
Valeu!

Curtiu?

Então recomende a um “Funkeiro” (lol).

Morre Garry Shider

Morreu nos Estados Unidos, nesta quarta-feira, o guitarrista e vocalista Garry Shider. O músico foi integrante dos grupos Funkadelic e Parliament, ambos liderados pelo vocalista George Clinton.

Shider tinha 56 anos e morreu por conta de complicações de um câncer no cérebro e pulmões. Ele foi membro e diretor musical do P-Funk All Stars, coletivo que incluía as bandas Parliament e Funkadelic, além de diversos outros projetos, como o Zapp.

O músico gravou álbuns considerados clássicos com as bandas Funkadelic e Parliament, como “Maggot Brain”, de 1971, e “Mothership Connection”, de 1975, ajudando a cristalizar o funk e o soul psicodélico na década de 70. Ao lado de seus quinze companheiros que atuavam em ambos os grupos, Shider entrou para o Hall da Fama do Rock and Roll em 1997.

fonte: UOL